Ofá de Oxossi /Arte e decoração: gabriel rufo
Sobre o arco e a flecha, a folha.
Falaremos de maneira bem simples. Não se caça apenas com a Flecha e tão pouco, somente com o arco. A união desses dois elementos possibilita a vida. O arco símbolo da fêmea e a flecha símbolo do macho. Seria impossível definir qual é o mais importante, pois são unos em sua função mais sagrada. A caça. Todos, nós caçamos, uma busca constante, embrenhados na mata escura, essa que esta fora e dentro de nós, até encontrar o alimento. Percebe que caminham juntos, assim como todos os caçadores que caminham. O caminho pisado da caça, onde muitos, machos e fêmeas, no ritmo da vida que alimenta vida. Como separar e distanciar esses elementos e naturezas, já que o caminho é de ambos. Um alimenta o outro. São irmãos, diferentes, separáveis e inseparáveis em sua função mais bela.
A dualidade também esta presente nesses dois caminhos, são possibilidades. A quem cace com o carco, sem as flechas, a quem cace com as flechas sem o arco. Mas mesmo assim, a ausência de um esta na engenhosidade da aplicação do outro. Sendo assim voltamos a ter um arco e uma flecha. A engenhosidade e a potência. O elemento arco acolhe e expulsa a flecha, sem o mesmo, o braço do caçador se torna o arco. O elemento flecha penetra e aponta o alvo, sem a flecha, o arco se torna armadilha, buraco cavado e coberto de folhas. Sem as folhas não temos mata, não temos caça, não temos o Arco e Flecha. Sem Folha não temos macho e fêmea, não temos nada.
Folha que já esta morta quando se solta de uma árvore, carrega com ela o sumo da vida. Efêmera e delicada vai com o vento, se dissolvendo por onde passa, alimentando como uma entidade viva. Tão viva e majestosa quanto a própria árvore. A folha, somos nós, nos desprendemos e alimentamos a tudo: terra, fogo, água e ar.
Reflexão: Gabriel Rufo
01 de outubro de 2015
Ofá de Oxossi
Arte e decoração: gabriel rufo
foto: de Shirlene Paixão
Terreiro: Egbe ile Omidewa Ase Igbolayo
O Manto Azul
Caminhei até a fonte, pois não
beberei de uma só água a vida inteira, há quem diga que és uma senhora,
ocupando o mundo como um manto azul. Ao lado de minha morada ao pé da Serra de
São José, uma bica, onde graças a sua continua beleza, que não me encontro
sedenta, mas o que explica essa jornada até a terra das pedras, São Tomé das
Letras. O Tomé sou eu, fui ver para crer, a fonte que me recebeu e me coroou de
crianças, bastou para refletir em mim e transbordar algo puro e sereno. Como as
crianças se refrescando. No reflexo uma mulher, essa que vai ao encontro de
todas as fontes e se torna uma. Dentro estava a dona da água, o verdadeiro
ouro. Fiquei calma e escutei o pela primeira vez o som da vida. A água andando
lentamente.
Texto: Gabriel Rufo
07/dezembro/2014