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terça-feira, 3 de novembro de 2015

Arco e Flecha


Ofá de Oxossi /Arte e decoração: gabriel rufo


Sobre o arco e a flecha, a folha.

Falaremos de maneira bem simples. Não se caça apenas com a Flecha e tão pouco, somente com o arco. A união desses dois elementos possibilita a vida. O arco símbolo da fêmea e a flecha símbolo do macho. Seria impossível definir qual é o mais importante, pois são unos em sua função mais sagrada. A caça. Todos, nós caçamos, uma busca constante, embrenhados na mata escura, essa que esta fora e dentro de nós, até encontrar o alimento. Percebe que caminham juntos, assim como todos os caçadores que caminham. O caminho pisado da caça, onde muitos, machos e fêmeas, no ritmo da vida que alimenta vida. Como separar e distanciar esses elementos e naturezas, já que o caminho é de ambos. Um alimenta o outro. São irmãos, diferentes, separáveis e inseparáveis em sua função mais bela.
A dualidade também esta presente nesses dois caminhos, são possibilidades. A quem cace com o carco, sem as flechas, a quem cace com as flechas sem o arco. Mas mesmo assim, a ausência de um esta na engenhosidade da aplicação do outro. Sendo assim voltamos a ter um arco e uma flecha. A engenhosidade e a potência. O elemento arco acolhe e expulsa a flecha, sem o mesmo, o braço do caçador se torna o arco. O elemento flecha penetra e aponta o alvo, sem a flecha, o arco se torna armadilha, buraco cavado e coberto de folhas. Sem as folhas não temos mata, não temos caça, não temos o Arco e Flecha. Sem Folha não temos macho e fêmea, não temos nada.

Folha que já esta morta quando se solta de uma árvore, carrega com ela o sumo da vida. Efêmera e delicada vai com o vento, se dissolvendo por onde passa, alimentando como uma entidade viva. Tão viva e majestosa quanto a própria árvore. A folha, somos nós, nos desprendemos e alimentamos a tudo: terra, fogo, água e ar.

Reflexão: Gabriel Rufo
01 de outubro de 2015
Ofá de Oxossi
Arte e decoração: gabriel rufo
foto: de Shirlene Paixão
Terreiro: Egbe ile Omidewa Ase Igbolayo










O Manto Azul

Caminhei até a fonte, pois não beberei de uma só água a vida inteira, há quem diga que és uma senhora, ocupando o mundo como um manto azul. Ao lado de minha morada ao pé da Serra de São José, uma bica, onde graças a sua continua beleza, que não me encontro sedenta, mas o que explica essa jornada até a terra das pedras, São Tomé das Letras. O Tomé sou eu, fui ver para crer, a fonte que me recebeu e me coroou de crianças, bastou para refletir em mim e transbordar algo puro e sereno. Como as crianças se refrescando. No reflexo uma mulher, essa que vai ao encontro de todas as fontes e se torna uma. Dentro estava a dona da água, o verdadeiro ouro. Fiquei calma e escutei o pela primeira vez o som da vida. A água andando lentamente.

Texto: Gabriel Rufo
07/dezembro/2014

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

EMCRUZILHADAS



 Encruzilhadas

O sangue de uma espécie de gengivite. Seguirei limpando a boca com todo cuidado. Temos que estar limpando tudo. De dentro para fora, de fora para dentro. Um condicionamento. Duas semanas sangrando, pela boca, momento de limpeza, como o sangue que escorre das mulheres, unindo elas a terra e a água. Purificação.
Surge uma reflexão, o pensamento percorre o mesmo caminho da língua. Percebe! Tudo que nos chega pelos sentidos tem que necessariamente passar por uma encruzilhada? A dos Condicionamentos. Parece-me algo que dificulta os diálogos e as trocas, pois torna tudo uma provocação. Previsíveis, e os desencontros, instabilidades de humor. Uma constante. Mas como construirmos isso, essa barreira. Traumas, vivências, medos antigos, coisas firmadas em nossa cabeça, como enormes pedras no caminho. Adoramos circular.
“Em conversa amigável, numa tarde fresca, onde o amor estável do Fauno, e que se apresentava, com clareza e pureza diante de Flora. Mais homem do que animal, tocando em sua flauta doces melodias, falando de sua natureza. Quando seu canto foi interrompido, falava do jardim de Tulipas, como ele as devorava com devoção. Flora com olhar questionador, apresenta ao Fauno, a sua mais íntima inquietação, as Tulipas são minhas, meu domínio. Como pode ofender tamanha beleza, ser de pelos e flauta. Fauno nunca havia questionado os pelos do corpo das criaturas da montanha e a flauta era parte de seu corpo. Sabia que até as Tulipas tinham sua penugem, douradas de sol, ele mesmo ser de pelos nas ancas e demais partes. Seu canto parou novamente, como no dia em que Flora a sangrar queria possuir fauno no jardim do sono sagrado, onde suave criatura dormia um sono delicado. E a mando de Deus. E amando soprou em sua flauta, na face de Flora, sua melodia mais pura, clara e transparente. Líquido que se une ao canto dos Deuses e não a terra. Flora, questionou a pureza dos líquidos, comparando os mesmos. Mesmo sabendo, que um deles era limpeza e encontro com a terra e o outro encontro com o céu. Flora colérica, com o sangue nas mãos, enquanto Fauno adormecia com os seres “a mando de Deus”, cismou de criar uma flauta em folha, essa maior que a do Fauno adormecido. Os dias se seguiram sem entendimento, entre ambos. O som da flauta de Fauno silenciou, ecoava na floresta uma melodia nova, algo que não era natural aos ouvidos de todos, o som vermelho, o som do corte.”

Uma pessoa condicionada, esta presa e prega à liberdade de ter seu próprio condicionamento, tudo que encontra é posto nessa encruzilhada mental. Movimento racional, mas as reações se mostram agressivas e justificadas. O julgamento caiu, como uma martelada, e a poeira subiu, sufocando. Livre-se dos condicionamentos para poder estar junto compartilhando do mesmo ar. Ainda sangro.
 

Texto: Gabriel Rufo
19/09/2015


  


 A Síntese na Religião e suas Armadilhas Dialéticas.

A redução dos espaços nos diálogos, algo que nos permite classificar e tentar organizar. A primeira vista, surge certo conforto, algo que facilita um primeiro passo. Assunto complexo e de difícil entendimento. Aceitar a grandiosidade do que estar por trás de uma religiosidade, parece-me impossível para a maioria das pessoas.
Sentado em mesa de debate, ao som de especialistas. O tom de ordem e linearidade era a base e estrutura, para se apontar um momento, trágico, o marco. Sempre algo tão próximo que acaba por ocupar todo o espaço do debate. E passa por ancestralidade, ponto de revisitação e memória.
Ao falar do candomblé, a religião, passamos automaticamente por um marco, a escravidão e suas faces de miséria humana, assim como ao falarmos do Catolicismo nos perdemos nas Cruzadas, e mais miséria humana se apresenta. No entanto ao falar dos Orixás, parece-me imprescindível um entendimento, são anteriores a miséria humana, pois são forças da natureza. Iemanjá é o mar, e o mesmo é um universo de possibilidades. E ao falarmos do Cristo, mesmo sendo a boa nova, tem contido e maximizado em si o amor e a serenidade, as mais antigas aspirações do homem, algo que não comunga com a miséria humana de um episódio como as Cruzadas.
As armadilhas são essas reduções, esse esquecimento, a falta de atenção com a verdade, algo antigo e puro. Nos perdemos na política, e encruzilhadas de trocas de poder terreno, enquanto o mar permanece, assim como o amor e a serenidade. São forças da natureza. E a perdição na miséria humana, segue o ritmo do desencontro.

Reflexão: Gabriel Rufo
29 de setembro de 2015


 


Sobre o Tempo e suas relações.

Comece com um copo de cachaça, desses pequenos e de dose. Coloque água no mesmo. Agora você me pergunta que tipo de água? A do copo, a que cabe a ele, e que cabe nele. O Tempo se arrasta lentamente entre conversas de alta cumplicidade, no ambiente de energia turva. Então mudemos de copo, ou melhor, uma taça. Agora passamos a desfrutar desse líquido, sentindo os aromas o corpo dessa água. Vermelha água. Temos todo o tempo, e é o do prazer. Alegria e sonolência que nos ocupa. Agora temos uma moringa, dessas feitas de barro por oleiros, seu corpo transpira o conteúdo e basta olhar a moringa que a sede já é matada, quase bebemos seu corpo. Sempre cheia transbordando a vida, ocupando dois espaços, isso esta claro no gostinho de barro que nos vem à boca. Essa relação perfeita de ocupação nos mostra como devemos ocupar o tempo. Sem fronteiras entre o fazer e o espaço que nos ocupa.

Texto: Gabriel Rufo
28/07/2015

terça-feira, 27 de outubro de 2015

Soltar o ar



Soltar o ar

É como soltar o ar, limpando de dentro para fora, sereno e continuando a caminhar. Quantas dores de barriga e sofrimentos até chegar a esse entendimento. Esta claro, até mesmo meus pensamentos mais sombrios ligados a minha existência se foram. O transtorno me fortaleceu, colocando minha atenção no foco do que tenho de mais verdadeiro e meu. As preocupações dessa rotina já não afetam mais os espaços que ocupo, e aquela linha tênue me mantém na escolha. A linha que me faz escolher estar vivo e saudável. Sei escolher o melhor e o que é meu. Tantas mortes e fronteiras, lutas. Serenei em um movimento constante, algo que se alimenta do próprio movimento. Quanto tempo tenho. Esse agora é o que serve e basta. O futuro não existe, o passado sim, e nos ensina, pois é terra e tudo que esta enterrado, até mesmo no coração, são o divino que aduba e faz brotar. A ansiedade de um futuro virou um aprendizado do passado, algo que me faz mais presente em mim. Fortalecido canto e recito poesias de gente que semeia, como as doces melodias que transpiram do meu violão. A compulsão criativa é se dividir, hora criando e hora homenageando os semeadores. Somos aqueles, somos nós em um circulo de fluxo constante, sem direção, ocupando os espaços permitidos. Contempla o belo, que é certo, esta em tudo.
                As superfícies são impermeáveis, polidas, brilhando constantemente. Estão por toda parte,ocupando espaço e tempo. Não tenha medo mergulhe e aceite a compulsão criativa, não ficara louco. As palmeiras de Inhotim suavizam o bombardeio sensorial, a culpa não é de ninguém, apenas não fomos preparados para tanto. Mortes e fronteiras, realidades estabelecidas e homenageadas pelos artistas. Ressuscitei no terceiro dia, como as palmeiras serenas, refletindo sobre a morte e a fronteira que me torna uma palmeira tal como sou.
                O muro vai deixar de existir, assim como a morte. Vamos viver em um único estado democrático, o fluxo, onde os compartilhamentos serão a base dessa nova estrutura sem corpo.

Reflexão: gabriel rufo





O medo se foi
A tempestade se tornou parte de minha limpeza interior, é como expirar o ar.
E o futuro acompanhou o medo de mãos dadas, no caminho da ilusão. Será a plenitude do presente a pulsação do meu coração, e sob meus pés à terra molhada, sigo desenhando com gravetos, como quem ganha grandes riquezas.

Reflexão: gabriel rufo
 

Poesia, Fotografia. Arte!

 
 A poça

A poça é o indivíduo. Água parada sem ligação com o todo. E olha! que tem água em tudo, mas a poça se acha única com seus girinos a nadar. O mar somos todos nós, uma só água em um grande abraço.
Reflexão: gabriel rufo
foto: azulejos em Prados, MG
23 de outubro de 2014





 

 77, o número

A vida é uma escuridão, não tem muita lógica no desenrolar dos acontecimentos,mas respeito quem tenta iluminar os dias, com ideias e atitudes, embora os resultados não se justifiquem por atitudes ou ideias, e nem, pelo acaso, sorte ou acidentes. Os resultados são os mais variados . Percebo a morte como uma luz que se ascende nos ajudando a lidar com uma existência limitada por muitas dúvidas. Sendo assim, se a vida é escuridão e dúvidas, somos movidos pelo prazer de desvenda-la, cada um toma o seu posicionamento e segue seu rumo. Rumo a morte e a luz. Passamos a refletir então sobre como se chega a morte e a causa de alguns bons homens terem morrido de maneira tão inexplicável.

foto e reflexão: gabriel rufo





Daqui de dentro vejo você e grito, curioso!
Pare de me olhar
Não vejo nada, apenas imagino a cama arrumada.
Curiosidade!

foto e texto: gabriel rufo



 
  
Chocolate e Maracujá! O nome do casal namorando na praça, em pleno domingo.

foto: gabriel rufo




 
O caminho sempre foi Nossa Senhora! Gritou a moça da janela. Todos olharam com atenção. Passagem elevada para pedestres.

reflexão e foto: gabriel rufo




auto-retrato, matriz de xilogravura: gabriel rufo

Circulando

minhas roupas desbotadas
minha carteira vazia
Sou aquele que está a começar sempre, circulando, sem chegar a lugar algum
Sou aquele que se arruma, circulando, pois não tenho perfume que te agrada
minha cara marcada
minha alma cheia
Sou aquele com tantas dificuldades, circulando, e tendo ideias que não se concretizam
Sou aquele com tantas qualidades, circulando, e tendo o tempo que não permite um chão
minha cara marcada
minha alma cheia
Liberto te de meu amor, pois voar em circulo é algo para mariposas.

Texto: Gabriel Rufo
auto-retrato, matriz de xilogravura





 
ENTRE!

Na minha vida, entre os dentes como fiapos da mais doce manga. Pego-te no último galho com a mão esquerda, segurando com as pontas dos dedos da mão direita no tronco dessa árvore. São muitas mangas, mas você esta no alto e em sua pele o sol adocica a sua carne. Prega-me no céu da boca o sumo e nas narinas o aroma de sua juventude. Basta conhecer-te para desejar-te, e toca-la assim como a luz do sol.

reflexão: gabriel rufo
28 de fevereiro de 2015


   

 Reflexão sobre muitas coisas pra fazer

“Correndo atrás de vários coelhos, acabei caindo de costas no chão de terra. Olhei para o céu e me dei conta da ambição lúdica. Quase toquei a enorme nuvem, um coelho gordinho. Levantei e continuei correndo.”

gabriel rufo





O SINO 

São João del Rey, Prados e Ritapolis
pedra-sabão, ouro, mamão
a luz na bela horta
a cruz na porta torta
a sina!
na terra do sino, sou eu de soar
como um tambor de rufar
rufo enquanto badala o sino
nessas três cidades
toca três vezes e repete
loucos, ávidos e orgulhosos
se misturam com o meu rufar
que caminha lentamente
mostrando quem sou
na terra do sino
sou eu se soar
cumpro a minha sina

texto: gabriel rufo
01-01-2012